terça-feira, 23 de outubro de 2012

Caridade e dissernimento...

Ao ler a leitura destinada ao dia de hoje de "Efésios 2,12-22", lembrei de um comentário feito por minha colega de trabalho sobre algumas declarações que foram postada em uma rede social durante o final de semana. Pessoas que condenavam a nova novela "Salve Jorge", fazendo um pré-conceito do conteúdo que será apresentado, levantando uma bandeira de que não é uma novela própria para quem for "evangélico", dizendo que se teria como pano de fundo o Ogum (orixá). Quem pode ver o primeiro capítulo, viu que a referência ontem feita foi ao mártir São Jorge, da Igreja católica, se haverá menção a Ogum, não sei dizer, mas o pensamento fariseu destas pessoas é incrível.Que fique claro que não sou defensor das novelas, até por os exemplos terrivelmente destrutivos a família, caráter e a moral que são apresentados, porém em algumas poucas histórias de poucos personagens, dentre tantos ainda pode-se ver ações e pensamentos a serem copiados. Ao ler a carta de São Paulo ao efésios me venho este fato a mente, por ele ressaltar exatamente a questão do amor ao ser humano, que Jesus demonstrou, a comunhão dos povos. Cristo não excluiu ou se afastou daqueles que não tinham a mesma visão de Deus que Ele, pelo contrário, se aproximava e mostrava como este Deus os amava e queria a todos salvar e assim os conquistava. Ressaltar o quanto meus irmãos evangélicos são bem mais estudiosos, não me rebaixa como católico, apenas me mostra como nossa Igreja ainda precisa crescer, mas ao mesmo tempo me entristece pensamentos assim, pois acredito que são pessoas que estudam a palavra de Deus, na parte intelectual estam bem desenvolvidos, mas ainda não à conseguiram colocá-la em seus corações. "Ele, de fato é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro da separação: a inimizade. Ele aboliu a Lei com seus mandamentos e decretos. Ele quis, assim, a partir do judeu e do pagão, criar em si um só homem novo, estabelecendo a paz"(Efésios 2,14-15), por anos tive uma visão posso dizer que de superioridade sobre os irmãos evangélicos, e muitas vezes entrei em discussões sobre doutrina, hoje fico extremamente feliz com os eventos ecumênicos que participo, por ter a visão da comunhão, de acreditarmos no mesmo Deus, no mesmo Cristo. Mas você pode pensar, mas o problema não era com os católicos, mas sim com os umbandistas. A alguns anos atrás trabalhei com um senhor, muito gente boa que sabia que eu era católico, mas por um bom tempo eu não soube qual era o seu credo, e conversava no grande grupo sobre as ações que fazíamos, no dia da criança, natal e outras, mas nunca o escutei falar nada sobre. Um dia ele solicitou minha ajuda com a doação de brinquedos para uma festinha de final de ano, achei interessante e perguntei de que igreja era, e minha surpresa ao saber que ele "não era" cristão e sim umbandista. Mas o porquê do "NÃO ERA" entre aspas, porque apesar de não ter o mesmo credo que eu em um único Deus, e em Jesus Cristo, mesmo assim aquele homem e outras várias pessoas do seu centro de umbanda estão em comunhão comigo e com Cristo na caridade pelo irmão mais necessitado. Desde então aprendi a ver e valorizar nas pessoas os traços de caráter, personalidade semelhantes a Jesus Cristo, independente de seu credo, tente conhecê-las antes de julgá-las(confesso que é difícil, nem sempre consigo), e o mesmo tento fazer com programas, filmes, assim fica muito mais fácil não cometer equívocos. Fica a Dica!!!! Ângelo Bicca

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Por que se ama tanto o pecado?

Há quem brigue fazendo de tudo para defender o seu pecado
Sim, isso é uma pergunta, contudo, nesta circunstância, terei a ousadia de conjugá-la como uma afirmação: “Sim, amamos muito o pecado…”. Todavia, do título inicial quero conservar a interrogação: Por quê? Esta afirmação se fundamenta no ofício de observar e na arte de contemplar corações em um constante “debater-se” diante das razões e significados que compõem sua própria existência.
Ao observar alguém que abre mão de um vício/pecado, procurando desvencilhar-se dele por meio da renúncia, percebe-se – não raras as vezes – um profundo sofrimento e até mesmo revolta em virtude da ausência do pecado. É como se tal coração julgasse estar prestando um favor imenso a Deus por estar abrindo mão daquilo que mais ama.

Mas por que se ama tanto os vícios e pecados? Por que, comumente, se inventa tantas desculpas para justificá-los? E por que sofremos e nos debatemos tanto por sua ausência?
Há quem brigue fazendo de tudo para defender o seu pecado, para convencer a todos de que ele é algo normal, e que é, até mesmo, uma “virtude”.

Não se costuma ouvir pessoas dizendo: “Eu não aguento mais ficar sem adorar a Jesus na Eucaristia. Já estou ficando louco! Preciso adorá-Lo agora!”. Mas, infelizmente, é comum ouvir muitos entoando: “Não aguento mais ficar sem sexo (desregrado/fora do matrimônio), sem bebidas, drogas, prostituição, nem sem pensar e falar bobagens… Estou ficando louco sem isso!”.
É lastimável, mas, na maioria das vezes, Deus fica tão pequeno dentro de nós diante da força e expressão que possui o pecado, que dá até – metaforicamente falando – para ter dó d’Ele, pois, Ele acaba ficando sempre em segundo plano diante do amor que o homem nutre pelo pecado.
“Faz-se de tudo para possuir o que se ama!”. Diante de tal enunciado desvela-se a imprecisão de muitos corações que professam um amor profundo a Deus, mas não são capazes de “mover uma palha” para estar com Ele e saber um pouco mais como funciona o Seu belo coração. “Amam” tanto a Deus, mas não são capazes de deixar, muitas vezes, de assistir a um jogo de futebol para ir à Santa Missa… Contudo, para estar com o pecado parece que a disposição é sempre nova e real.
Perguntemo-nos: Pelo que meu coração tem lutado? O que ele tem verdadeiramente buscado e desejado? E mais: o que ele tem amado? É preciso ser realmente sincero consigo para responder a essas perguntas e para perceber onde, de fato, se tem ancorado o próprio coração.

O caos – ausência de ordem – estabelece-se quando o princípio que move o coração deixa de ser Aquele que o criou. Assim, os próprios valores desvalorizam-se e o homem fica de “ponta cabeça”, valorizando o circunstancial – aquilo que passa – e esquecendo-se do eterno – lugar onde reside a verdadeira realização.
Exerçamos com sensibilidade essa observação e descubramos sinceramente em que paragens tem peregrinado o nosso coração. Para assim podermos, com inteireza e responsabilidade, direcioná-lo ao seu verdadeiro bem.

Padre Adriano Zandoná